quinta-feira, janeiro 26, 2006

As Minas de Potosi

Ontem a noite, saimos pra jantar e descobrimos um restaurante muito bom, meio caro para o padrao boliviano, mas aparentemente mais saudável. Hoje acordamos com uma mulher batendo em nossa porta. Ela era guia turistica e queria saber se queríamos ir às minas. Meio sonolente perguntei quanto era e falei que iríamos, 40 pesos por pessoa. A van que levou a gente para subir a montanha nao era das mais confiáveis, mas tudo bem. Paramos em um outro hotel, colocamos botas, capacete e macacão e seguimos. A subida até as minas é meio tensa, um penhasco de mil metros, lama e nenhum espaço pra correr.

É meio estranho entrar nas minas com os caras trabalhando lá. Os mineiros trabalham sob o efeito de muita folha de coca, o que eles chamam de cocalipsia, só entram na mina depois de uma hora mascando punhados de folha. Também bebem alcool quase puro, na garrafinha tá escrito "álcool 98% POTÁVEL". Entre eles garotos de 15 anos e até menores trabalham até 8 horas por dia.

Entramos na mina, escura (óbvio), molhada e abafada, quem tem claustrofobia não deve tentar isso não. A montanha é cheia de entradas e bifurcações, andar por aqui sem um guia é quase impossível. Dizem que no começo da exploraçao haviam veios enormes de prata, e os índios eram orbigados pelos espanhois a extração sob um regime de semi-escravidão. Tudo saia daqui de Potosi e era levado até Buenos Aires, de onde partia para a europa. Potosi chegou a ser a cidade mais importante do mundo lá por 1600. Hoje os mineiros trabalham muito para extrair o que resta de prata, os veios são muito menores e eles chegam a reativar tuneis de 1600 para buscar o que os antigos deixaram para trás.


Nas minas conhecemos tambem El Tio um deus criado pelos espanhois para amedrontar os nativos, e fazer com que eles trabalhassem mais. Hoje ele ainda é cultuado como o Deus do subsolo, recebe oferendas e rituais para que os mineiros possam encontrar mais prata.

É um passeio interessante, mas fica a sensação estranha de que vc está fazendo turismo as custas do sofrimento desta gente que trabalha em condições desumanas. Mesmo que parte do dinheiro dos tours seja para os sindicatos de mineiros.

Saimos dali e fomos a Casa da Moeda, legal conhecer a historia de um lugar que deve ter sido muito movimentado em certo tempo na história. Hoje restam apenas as lembranças e estas construções e muita pobreza depois de tanta exploração.

1 Comments:

At 3:55 PM, Blogger Gustavo Cabral said...

mto massa a viagem e o blog, serginho! alguns livros que tem boas histórias sobre as minas de potosi são os do eduardo galeano (trilogia memórias de fogo) e os do bueno (que contam as primeiras décadas após o descobrimento).

 

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